segunda-feira, 22 de setembro de 2008

A Guerra Nossa de Cada Dia

Hoje, vou escrever sem versos nem estrofes porque estou triste e abatido demais. Vou quebrar meu voto de só escrever algo que tenha algum valor para os outros também. Vou macular este espaço. Aqueles que buscam alguma literatura nestas palavras torpes e prosaicas hão de me perdoar. Pra fazer literatura, tem que se falsear um pouco o sentimento... ser fingidor, como já disseram. Hoje, não agüento fingir. Não agüento mais fugir. Sei que vão debochar de mim porque estou usando uma metáfora de guerra, mas não consigo ver descrição melhor. Deus, até onde vale a pena se esforçar para ser uma boa pessoa? Não sei. O pior, no entanto, é o inferno de não ter opção. Para que não tem talento para a patifaria, não existe a possibilidade de cair na maldade. Simplesmente não existe. Dá-se um jeito, contorna-se o problema, recua-se ante o inimigo. Ser maligno: jamais. Os que nem tentam é que estão certos, pois ser maligno é uma arte. Não é para qualquer idiota. Tentar ser mau sem talento é cair em desgraça. Esses que vocês vêem presos aí na TV são os que não levam jeito ou são burros demais até para serem maus. Os maus mesmo vencem todos os dias, malditos. Dia a dia, acordamo-nos, levantamo-nos e vamos à luta somente para sermos abatidos e cairmos e levantarmos de novo para — quem sabe? — comemorar uma ou duas vitórias a cada 365 dias. Felizes daqueles que acreditam na vitória final, pois, de perder tantas batalhas, fico desconfiado se realmente chegarei ao fim da guerra para descansar à sombra da vitória. O mais difícil é isto: você tem que vencer a guerra, mas não vale matar o inimigo. O que resta? Perdão e paz unilaterais... só você cede. Estou cansado desse perdão e dessa paz humilhante que destroem meu espírito. Mas existe cessar-fogo unilateral? Existe, meus caros. Chama-se rendição.

2 comentários:

Anônimo disse...

Pô, velho. Massa o texto. Concordo contigo: ser mau é um arte. Em relação a vencer a guerra, procuro não me preocupar com isso: aproveito cada morte para chorar, rir, me divertir, cair em deprê, etc. e tal, e tento fazer da guerra um caminho seguro. Nem sempre consigo, mas isso me ajuda a resistir. abraço, monstro

Fernando Vasconcelos disse...

então, tem dia que dá vontade de se render. mas o negócio é ir caindo e levantado de novo, que é guerra mesmo. ótimo texto, precisava ler exatamente isso hoje. vou andar mais por esse blog :)

abs