De tanto ser, deixou-se o corpo a esperar
Que o chorassem, que o pensassem...
Não temos tempo para pensar!
De tanto ser, acostumou-se a pertencer
a quem o afagava, a quem o lembrava...
Quanto nos dão para lembrar?
Mal-acostumado corpo, que queres tu ainda aqui?
Que juntemos os pedaços de tuas mãos pútridas?
Que cheiremos as alcovas de teu rosto fétido?
Que mergulhemos no raso de teus olhos pálidos?
Foste reles momento em vida, não és tempo de se relembrar
Por isso vai-te o quanto antes, pois nada há de parar
Como incessantemente respiraste em vida, havemos de continuar
a fazer tudo o que não pensamos
a pensar tudo o que não fazemos
Pois, o tempo em que a pupila se dilata
é o instante que levamos para esquecer
Que no momento que nascemos
Começamos a morrer
Um comentário:
Perfeito este poema, monstro. Como já te tinha dito numa outra ocasião: definição pura da essência da vida.
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